ATA DA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 14.05.1996.

 

Aos quatorze dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quarenta minutos, constatada a existência de ”quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada comemorar o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, nos termos do Requerimento n0 18/96 (Processo n0 414/96) de autoria da Mesa Diretora e aprovado pela Casa. Compuseram a Mesa: o Ver. Isaac Ainhorn , Presidente desta Casa, o Senhor Iaacov Keinan, Embaixador de Israel, a Senhora Tirtza Keinan, Embaixatriz de Israel, o Senhor Maurício Soibelman, Presidente da Federação Israelita do Estado, a Doutora Vaneska Prestes, representante do Senhor Prefeito Municipal, o Senhor Ghedate Saitovich, Presidente da Organização Sionista do Estado e o Senhor Cláudio Langoni, Secretário Municipal do Meio Ambiente. Em prosseguimento, o Senhor Presidente disse da satisfação de estar recebendo, nesta Casa, o Embaixador de Israel e sua Senhora. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Ver. João Dib que referiu-se à luta pela paz no Oriente Médio, salientando a violência dos conflitos entre Árabes e Judeus. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Doutor Paulo Rocha, representando o Comando Geral da Brigada Militar. Logo após, o Ver. Reginaldo Pujol discorreu sobre a importância da busca pela paz e fez referência ao determinismo do povo Judeu. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Airto Ferronato, Pedro Américo Leal, Guilherme Barbosa, João Motta e Elói Guimarães. Em prosseguimento, o Ver. João Motta reafirmou a importância da luta pela vida, especialmente nos dias atuais, em que a violência tem se manifestado cada vez mais acentuada. Em continuidade, o Ver. Isaac Ainhorn referiu-se a figura de Yitzchak Rabin como sendo o mártir da paz destacando a importância da Comunidade Judaica do Estado. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Embaixador de Israel que agradeceu a presente homenagem e as manifestações de solidariedade para com o Estado de Israel. Às dezoito horas e dezenove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene das dezenove horas, deste mesmo dia. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol, e secretariados pelo Ver. João Dib, como secretário “ad hoc”. Do que eu, João Dib, secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 10 Secretário e Presidente.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por aberta a 8a Sessão Solene, destinada a comemorar o Dia da Solidariedade ao Estado de Israel, com fundamento na Lei n0 6922/91. Já está presente na Mesa o Embaixador do Estado de Israel, Sr. Iaacov Keinan. Convidamos para fazer parte da Mesa a Sra. Embaixatriz de Israel, Sra. Tirtza Keinan, o Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Sr. Maurício Soibelman; a representante do Sr. Prefeito Municipal, Dra. Vaneska Prestes, uma vez que o Sr. Prefeito, que esteve conosco até momentos atrás, por ocasião do plantio das árvores, teve que se ausentar tendo em vista outros compromissos; o Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul, Sr. Ghedate Saitovich.

A presente Sessão realiza-se a requerimento da Mesa Diretora, dos Vereadores que compõem a Câmara Municipal de Porto Alegre, com fundamento na Lei de 1991, que instituiu, no âmbito municipal, o Dia da Solidariedade ao Estado de Israel, a ser comemorado anualmente no dia 14 de maio. Também a Lei diz que a Câmara Municipal de Porto Alegre, juntamente com o Executivo do Município, a representação diplomática de Israel e as entidades representativas da coletividade local, promoverá atividades comemorativas alusivas à data. Esta Casa tem a honra especial, neste dia, de receber o Sr. Embaixador do Estado de Israel, Sr. Iaacov Keinan, sua esposa, a Sra. Embaixatriz de Israel, Tirtza Keinan. No curso dos anos, esta Casa tem sempre realizado Sessões Solenes alusivas a esta data. Há vinte e cinco anos os Vereadores de Porto Alegre realizam as Sessões Solenes, que hoje, Sr. Embaixador, transformou-se num imperativo legal, por força de lei aprovada por esta Casa e sancionada pelo Sr. Prefeito Municipal. Para nós é uma honra muito grande recebê-los neste dia, bem como a todos os dirigentes das entidades representativas da comunidade judaica do Rio Grande do Sul. Vários representantes do Estado de Israel, quando se dirigem ao Rio Grande do Sul e quando chegam a Porto Alegre, têm a sua presença obrigatória na Casa do povo porto-alegrense. Assim mais uma vez ocorre, só que esta Sessão tem a peculiaridade especial: receber a presença do Sr. Embaixador, especialmente convidado aos atos alusivos à independência do Estado de Israel nesta Casa. Pela primeira vez nós comemoramos este evento com a presença do Embaixador do Estado de Israel, integrando todos os atos comemorativos ao 14 de maio.

Para falar em nome da Casa, fará uso da palavra o Ver. João Dib, pela Bancada do PPB e PSDB.  

 

 O SR. JOÃO DIB: Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Ver. Isaac Ainhorn; Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores. (Saúda os demais integrantes da Mesa.) Meu querido Embaixador, Iaacov Keinan, antes de mais nada, em meu nome pessoal, em nome do meu colega de Bancada, Ver. Pedro Américo Leal, e do Ver. Antonio Hohlfeldt, quero dizer da satisfação nossa de recebê-lo na Casa do Povo de Porto Alegre, porque ela se irmana sempre com o povo de Israel, povo que tem sido sacrificado, mas que busca e vai encontrar o seu caminho.

Sr. Embaixador, sou um árabe clamando sempre pela paz, e ela há de chegar, como diz Anatole France. “A paz universal se realizará um dia, não porque os homens se tornarão melhores, mas porque uma ordem de coisas – não é permitido esperar – uma ciência nova, novas necessidades econômicas hão de impor-lhes o estado pacífico, assim como outrora as próprias condições de sua existência punha-os e mantinha-os em estado de guerra. “Este dia, Embaixador, está chegando, está próximo, porque não consigo entender um mundo que tem todas as condições para que todos vivam bem, e que esteja, permanentemente, em guerra. Um mundo em que poderíamos colocar toda a sua população num quadrado com 40 Km de lado. Nesse quadrado com 40 Km de lado caberia 150 vezes no nosso Rio Grande do Sul. Então, não há por que, não há como entender que haja guerra, que haja luta, senão pela ganância de algumas poucas pessoas que fazem da guerra a indústria e que fazem com que o povo seja sacrificado em todo o mundo e que Israel também seja muito sacrificada.

Eu dizia para o amigo que hoje já se fala que vai faltar água potável no mundo. Mas eu vejo aqui, no nosso Rio Guaíba, que, quando ele está com a menor vazão, passam mil metros cúbicos por segundo, ali, na ponta da Cadeia. Um milhão de litros num segundo de água potável. E, quando chove, que há uma pequena cheia, chega a passar 15 mil metros cúbicos por segundo. Esse é um pequeno rio, não é o Amazonas, não é o Nilo e não é o Mississipi, também. Um pequeno Rio que, na geografia dos rios do mundo, ele não é localizado. Mas o mundo diz que vai faltar água potável. É porque nós gastamos dinheiro na guerra ou, então, na paz. Uma metralhadora funcionando por minutos sustentaria dezenas de pessoas por mês. E ela funciona para a morte e nem sabem para quem eles atiram, porque, se todas as balas atingissem os seus alvos, nós também não teríamos mais pessoas no mundo.

Então, eu continuo acreditando que vai haver paz, porque há homens inteligentes, há homens de boa vontade, há Embaixadores como o Senhor, há pessoas que nós temos que respeitar profundamente, porque buscam paz. E acreditando nesta paz é que eu acredito firmemente que um dia este mundo vai ser muito melhor, todos vão ter oportunidade de educação, de saúde, de saneamento, porque o dinheiro não será mais usado na guerra, o dinheiro será usado na paz.

E, para finalizar, Sr. Embaixador, eu diria: se todos quisermos a paz, ela não será uma lenda. Shalom, Shalom, Paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós gostaríamos de convidar para integrar a Mesa dos trabalhos desta Sessão Solene o Dr. Cláudio Langoni, Secretário Municipal do Meio Ambiente, que foi um dos responsáveis para que o “Bosque Yitzchak Rabin” se tornasse uma realidade no dia de hoje. (Palmas.)

Também gostaríamos de registrar a presença do Dr. Paulo Rocha, que nesta oportunidade representa o Comando Geral da Brigada Militar.

Possamos a palavra ao Ver. Reginaldo Pujol, que fala pela Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu retornaria no tempo, ao ano de 1973 – acredito que a memória não me trai – oportunidade em que, jovem na Câmara Municipal de Vereadores, fui estimulado por alguns companheiros de adolescência, entre os quais Flávio Burde, Henrique Altur, Maurício Bear, Armando Burde e vários outros, a tomar a iniciativa de estar, penso que pela vez primeira, na realização de um ato na Câmara de Vereadores que festejava o 250 aniversário do Estado de Israel, e também uma data alusiva à Federação Israelita do Rio Grande do Sul. Lembro-me de que naquela ocasião não tínhamos a honrosa presença do Embaixador do Estado de Israel em nosso País, nem da Embaixatriz, mas já tínhamos, João Dib, V. Exa., que comigo dividia a Bancada naquela oportunidade, os mesmos sentimentos que hoje nos animam a estar presentes neste acontecimento, institucionalizado na vida político-administrativa da Cidade a partir de lei municipal que, de forma expressa, assim o define. Já na ocasião nos animávamos com natural reconhecimento que todos nós, ao longo do tempo, passamos a ter para com este heróico povo judeu, sua saga, seu determinismo e, sobretudo, seu desconsolo para com as adversidades que aqui ou acolá surgem na sua caminhada. Hoje, nesta tarde festiva que, inclusive, foi antecedida pelo plantio das primeiras 50 árvores que comporão o Bosque Yitzchak Rabin, quero reafirmar as palavras proferidas naquela ocasião, dizendo que a busca da paz que nos animava naquela época continua muito presente nos dias atuais, que o caminhar da humanidade, se não nos leva ao ceticismo, leva-nos a uma posição de vigilância de que a busca da paz se assemelha à busca da felicidade e até a um certo corolário: a felicidade se equivale à paz e a paz se equivale à felicidade e, ambas, temos que buscá-las permanentemente como um objeto tão valioso, que nem mesmo os reveses que se têm enfrentado na busca deste objetivo nos autorizam a desanimar e abrir mão da conquista deste objetivo.

Por isso, Sr. Presidente, V. Exa. , que nesta Casa, com toda a Justiça, representa os descendentes da comunidade judaica, que se instalou nesta valerosa Cidade de Porto Alegre e que, de certa forma, é o responsável direto pela realização desta Sessão Solene, eis que decorrência de uma lei de sua autoria, e que hoje é referendada pelos seus companheiros de Mesa Diretora, transfira, em nosso nome, Ver. Isaac Ainhorn, a todos os seus ascendentes e também descendentes o nosso carinho, o nosso respeito e a nossa crença, pois esse determinismo do povo judeu virá a coroar, antes da virada do século, a consumação de seus anseios. Assim, todos nós, num determinado momento e uma determinada hora, saberemos que a expressão “Shalom” não é só uma saudação, mas também uma realidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças dos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Airto Ferronato, Pedro Américo Leal, Guilherme Barbosa, João Motta e Elói Guimarães.

O Ver. João Motta está com a palavra para falar em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós registramos uma breve fala do Partido dos Trabalhadores nesse Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, como não poderia ser de outra forma, uma vez que, quando votamos o Projeto de Lei de iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, nesta mesma Câmara, a nossa Bancada teve, de certa forma, participação para que, de comum acordo, se estabelecesse de forma definitiva nos trabalhos deste Legislativo Municipal essa memória e este dia. E não foi outra motivação senão estabelecermos esse fio de identidade com esses atos que neste dia se fazem, senão a de reafirmamos, quando votamos a favor do Projeto que oficializou esta data e também a nossa presença nesta Sessão, e, anterior a ela, no ato simbólico do plantio de árvores, de manifestar nesses atos e com essas decisões a nossa total defesa de um valor muito caro para a humanidade nos dias de hoje, em que vivemos, no nosso cotidiano neste País, através das múltiplas formas, um índice cada vez mais acentuado de violência nas suas múltiplas manifestações. Cada vez mais, por essa crescente demanda e por essas crescentes ocorrências, esse valor está mais uma vez em discussão e sendo reafirmado neste ato, nesta Sessão, e precisa, sim, mesmo que simbolicamente, ser reafirmado, que é a defesa da vida. Penso que a trajetória de cada um de nós que está aqui presente, de inúmeras e diferentes formas, identifica-se com essa busca, ou seja, a busca de uma trajetória para a humanidade, não só para qualquer povo, mas para todos os povos que compõem a humanidade. Que seja uma trajetória de paz, de progresso, de desenvolvimento, mas que seja, acima de tudo, uma trajetória informada pela defesa de alguns valores éticos, como é o valor da defesa da vida. É isso que estamos, neste momento, reafirmando nesta Sessão Solene.

Em segundo lugar, como não poderia ser diferente, nós, em cada ato como este, gostaríamos de reviver e reafirmar a nossa crença, o nosso compromisso com outro princípio, que compõe muitas vezes apenas os preceitos do chamado Direito Internacional, mas que, muitas vezes, precisa ser, em gestos como esse, mais uma vez lembrado. Tenho certeza, para que seja o compromisso partilhado de todos nós, no nosso cotidiano, qualquer que seja o lugar onde estejamos, que é o compromisso com a defesa pela autodeterminação dos povos. Portanto, sintetizo aqui, na reafirmação e no compromisso da nossa Bancada e do nosso Partido, com a defesa, juntamente com todos vocês, do princípio da defesa da vida e do princípio da autodeterminação dos povos, o nosso desejo de continuar a caminhada em busca de uma unidade, em que esses valores informem a sua própria construção. Um abraço a todos. Era essa a nossa fala em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Manifesto, também, o nosso parabéns ao Presidente Isaac Ainhorn pela iniciativa da realização deste ato. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que assuma a Presidência dos trabalhos para que eu possa me manifestar.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra. Manifestar-se-á como proponente e em nome das Bancadas do PDT, PTB, PMDB, PPS e PST.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Pela responsabilidade de representar Bancadas que integram este Legislativo da Cidade de Porto Alegre, embora já tenha me manifestado por ocasião da inauguração do bosque, do plantio de árvores no bosque do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, algumas Bancadas com representatividade neste Legislativo me deferiram a responsabilidade de dizer, de transmitir uma posição, por ocasião deste 14 de maio, Dia de Solidariedade ao Estado de Israel. Eu, evidentemente, Sr. Embaixador, não poderia deixar, nesta oportunidade, ainda que breve, de fazer algumas considerações, e, algumas delas, já ditas aqui, referidas da forma pluralista e democrática que esta Casa tem em relação ao Estado de Israel. Isso se comprova com a pluralidade de pensamentos que se expressam nas variadas correntes de pensamentos da sociedade porto-alegrense que estão expressas nos trinta e três Vereadores que compõem este Legislativo. Todos eles, nas suas manifestações, em nosso cotidiano, têm sempre seus olhos voltados para a consecução daquele ideal perseguido pela figura que no dia de hoje evocamos, a figura de Yitzchak Rabin – a paz. O mártir da paz é a figura símbolo em relação ao sonho dos profetas da terra do leite e do mel, do direito de construir o seu destino na terra prometida. E, há pouco, referi a iniciativa do Ver. Reginaldo Pujol e a autoria de uma Sessão Solene, realizada por ocasião dos vinte e cinco anos do Estado de Israel. Hoje vemos a presença das representantes de sinagogas; Presidente do Centro Israelita, Sr. Henrique Fetter; de rabinos, de Mendel Liberov, rabino do Benv Rabat; dos guias espirituais; de Yehuda Guitelman, do Centro Israelita; Rubens Nachmanovitch, do União Israelita; do Presidente da Associação Israelita, Dr. Jacob Perin; representantes da comunidade, de figuras que têm uma história de lutas, de participação ativa, dentro desta comunidade. Aqui comparecem alguns, hoje; lá nos bastidores, com a figura de Jaime Saltz, de Israel Laptick, de Nilo Berlin e de tantos outros que têm dedicado uma vida em defesa da busca de uma sociedade melhor, perseguindo os ideais de paz e de justiça social no mundo.

Nós, da comunidade judaica, nós, povo brasileiro, somos expressão de um segmento. Ontem ouvia a importância que o senhor referia à presença da vertente judaica na construção do Estado do Rio Grande do Sul, quando há cerca de dois anos comemoramos nesta Câmara e em diversos locais os noventa anos da imigração judaica, juntamente com as colônias alemã, italiana, que tiveram contingentes de maior quantidade no século passado. Outras comunidades aqui chegaram e aportaram: a colônia espanhola, a colônia grega. Nós deixamos a nossa presença marcada, presente, na construção de nosso Estado. Em alguns momentos tenho discutido – e este é, também, um momento de reflexão – quando algumas pessoas referem que o judeu, no curso e através da história, tem-se dedicado, basicamente, a atividades mercantis, a atividades comerciais. Eu sempre refiro que, se isso aconteceu, Sr. Embaixador, no curso da história, foi, exatamente, porque nos proibiram de ter acesso à terra, porque a natureza do povo judaico, na sua história, nas suas raízes é, fundamentalmente, agropastoril. Quando nos permitiram construir um Estado – e esse Estado é uma realidade - , a base da sua estrutura foi a de um moderno estado democrático, do ponto de vista político, e, do ponto de vista econômico, a atividade agropastoril, com os mais avançados conceitos de tecnologia que a humanidade conhece e que tem conquistado nesses dias.

Retornamos, portanto, Sr. Embaixador – e é essa a reflexão – àquela nossa condição de pastores, mas pastores com a consciência do papel que a ciência, que o conhecimento têm, para conquistarmos a natureza, transformá-la em benefício do conjunto da sociedade. Essa é, talvez, a mensagem, Ver. João Dib, que poderíamos deixar como reflexão neste dia, depois, veja V. Exa., de termos prestado homenagem à Yitzchak Rabin, depois de termos descerrado uma placa comemorativa aos três mil anos de Jerusalém, capital do Estado de Israel e o centro de três religiões. Estamos encerrando esse conjunto de atos solenes alusivos à data com este encontro neste Plenário. Estamos, assim, finalizando as comemorações do Dia do Estado de Israel.

Muito obrigado pela presença e saiba que a sua presença, Sr. Embaixador, e de sua Senhora neste dia, na Câmara de Vereadores, na Cidade de Porto Alegre, não estará apenas nos Anais desta Casa, mas estará também inscrita na história de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra nosso Embaixador, Sr. Yaacov Keinan.

 

O SR. YAACOV KEINAN: (Saúda os componentes da Mesa.) Personalidades eminentes presentes, Vereadoras, Vereadores, amigos de Israel. Minha presença aqui, após uma cerimônia emocionante de recordação permanente à memória de Yitzchak Rabin, e no contexto da Sessão Solene que marca o quadragésimo oitavo aniversário do Estado de Israel, simboliza três aspectos das relações entre o Estado de Israel e o Brasil.

Em primeiro lugar, é o reconhecimento do nível das relações entre os nossos países e povos, que felizmente se encontram em positiva evolução, estimuladas pela vontade dos dois governos.

Em segundo lugar, ilustra o espírito de amizade e de fraternidade que sempre existiu entre a municipalidade desta Capital e o Estado de Israel, a despeito das intempéries da política e da diplomacia, durante uma época muito difícil.

O terceiro aspecto é o reconhecimento das especiais ligações entre a comunidade judaica brasileira e Rio-Grandense, com o centro espiritual e histórico de nosso povo – Jerusalém.

A luta de Israel pela paz e as dificuldade ainda existentes neste caminho são bem simbolizadas pelo assassinato de Rabin, por um lado, e os ataques irracionais dos terroristas fanáticos nas Ruas das Cidades de Israel e contra cidades na fronteira do norte, por outro. De ambos lados predomina a incapacidade de aceitar a convivência futura com os inimigos de ontem, mas não permitiremos que a irracionalidade determine nosso caminho ou prejudique a luta pela paz e cooperação no Oriente Médio. Durante quarenta e oito anos, Israel não apenas se preocupou com o aspecto militar de sobrevivência em um ambiente hostil, mas conseguiu criar uma sociedade, uma economia industrial e agrícola, permitindo-lhe receber milhões de irmãos judeus de todo o mundo, impossibilitados de viver em paz e em segurança em seus países de origem. Somente durante os últimos anos, chegaram quase um milhão de refugiados da Rússia, da Bósnia, da Chechênia, da Etiópia e de outros países.

Hoje, com todas as dificuldades, a maioria deles são cidadãos iguais, produtivos, recebendo e contribuindo, com a certeza da continuidade judaica. O apoio e a compreensão dos povos e dos amigos dentre os povos é um fator moral muito apreciado nosso de Israel, que tanto sofreu pelo desprezo, discriminação, ódio e violência judaica também.

Tive o privilégio de encontrar-me há um atrás com o Prefeito Tarso Genro, quando de sua participação na conferência internacional de prefeitos, em Jerusalém, dois mil novecentos e nove anos após a criação da primeira capital do Rei David. Com prazer ouvi Sr. Prefeito falar da comunidade judaica de Porto Alegre e de sua contribuição para a vida econômica, social e cultural de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. Hoje, Sr. Presidente, posso atestar que o Prefeito, verdadeiramente, tinha razão.

Desejo, agradecendo à Câmara Municipal de Porto Alegre por essa Sessão Solene, pela minha presença aqui, exprimir os meus mais sinceros votos do Estado de Israel para a prosperidade, bem-estar e felicidade a todos os porto-alegrenses, que ocupam um lugar muito especial em nossos corações. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos a presente Sessão Solene, nós gostaríamos de convidar a esposa do Presidente da Federação Israelita, Sra. Marisa Soibelman, para fazer a entrega de uma obra para a nossa Embaixatriz. Essa obra, para o acervo pessoal da família, é sobre Porto Alegre.

 

(Entrega-se  a obra.)

 

E gostaríamos, também, nesta oportunidade, de fazer a entrega ao Sr. Embaixador desta obra para o acervo da Biblioteca da Embaixada do Estado de Israel no Brasil. A obra é comemorativa aos dez anos da nova sede da Câmara Municipal de Porto Alegre.

(Entrega-se a obra.)

 

O SR. YAACOV KEINAN: Eu gostaria também de fazer a entrega deste livro, que é uma autobiografia e trata de um episódio muito dramático e interessante da história do nosso povo, junto com um marca-página que é um símbolo dos três mil anos de Jerusalém.

(Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado. Mais uma vez agradecemos a presença do Sr. Embaixatriz, das demais autoridades e dos demais que estão presentes a esta Sessão Solene.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h19min.)

 

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